Pesquisador da UEPB coordena projeto para produzir medicamentos de combate à tuberculose
Apresentar novas possibilidades de tratamento para uma doença que está presente em todo o mundo, vitimando milhões de pessoas a cada ano, é o principal objetivo do projeto “Desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o controle da Tuberculose”, coordenado pelo professor do Curso de Ciências Biológicas do Campus V e do Programa de Pós-Graduação em Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Francisco Jaime Mendonça Júnior.
A pesquisa foi aprovada no edital “Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde”, da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco e Ministério da Saúde, no eixo voltado ao estudo de doenças negligenciadas. A proposta prevê estratégias de intervenção consistentes e integradas para combater enfermidades que afligem uma camada vulnerável da sociedade.
O projeto tem o intuito de desenvolver novas drogas que limitem o surgimento da resistência aos medicamentos e possibilitem uma diminuição no tempo de tratamento da Tuberculose, causando menos toxidade aos pacientes. Para tanto, o edital concedeu um financiamento de R$ 62,4 mil a serem destinados para a manutenção de três bolsas de iniciação científica, equipamento e material permanente, além de outras despesas de custeio. O estudo, que já está em andamento, está vinculado ao edital da FACEPE até julho de 2015.
Além do professor Francisco Jaime, integram o corpo de pesquisadores envolvidos na iniciativa a professora do Departamento de Biologia – Centro Acadêmico de Vitória da UFPE, Jeanne Claine Modesto; a docente do Departamento de Biologia da UEPB, Karla Patrícia Luna; a Tecnologista em Saúde Pública do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, Lílian Maria Montenegro; e o professor do Departamento em Farmácia da UEPB, Ricardo Olímpio de Moura.
Os estudos são desenvolvidos no Laboratório Síntese e Vetorização de Moléculas e no laboratório do Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, localizado na UFPE, onde serão realizados os testes com micro-organismos. Estão sendo estudados produtos de origem animal (veneno de serpentes) natural (plantas) e sintética. De acordo com o professor Francisco, após o desenvolvimento da pesquisa, “a perspectiva é que no futuro as invenções sejam patenteadas e negociadas com o governo ou laboratórios que tenham interesse em disponibilizar para a população esses novos medicamentos”.
O coordenador da pesquisa destaca ainda que espera que o projeto contribua para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, principalmente da região Nordeste, onde grandes investimentos na área farmoquímica têm sido feitos, possibilitando o reconhecimento da UEPB como núcleo de pesquisas nesta área e diminuindo, assim, a dependência do Brasil na importação de insumos para a produção de medicamentos.
Sobre a tuberculose
Após um período que durou até meados da década de 1940, sem a existência de medicamentos específicos para o tratamento da doença, foram descobertos métodos considerados eficazes para tratar e controlar o contágio levando a população a acreditar que a tuberculose caminhava para a extinção, mas, atualmente, a realidade vivenciada em todo o mundo é bem diferente. A doença constitui um grave problema de saúde pública tendo sido considerada uma emergência global pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e uma das maiores causas de morte por doença infecciosa em adultos.
Além da questão de vulnerabilidade social e o estigma associado à doença, alguns pacientes abandonam o tratamento antes da conclusão ou apresentam resistência às medicações utilizadas na atualidade. Em 2012, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) tratou 31 mil pessoas com tuberculose em 36 países, 1.780 das quais apresentaram estirpes resistentes a medicamentos da doença.
Segundo estimativas da OMS em 2011, 8,7 milhões de pessoas contraíram tuberculose, sendo que 1,4 milhão morreram. Ainda segundo a entidade, até dois milhões de indivíduos poderão ser contaminadas com cepas resistentes da doença até 2015.
Atualmente, o tratamento da tuberculose tem a duração mínima de 6 meses, período que pode ser prolongado de acordo com avaliação médica, e é feito com quatro medicamentos diferentes: pirazinamida, isoniazida, rifampicina e etambutol. Para os casos que não apresentarem resistência à medicação e o tratamento for realizado conforme a recomendação médica as chances de cura são altas e há possibilidade de prevenção para crianças com a vacina BCG.
29 de julho de 2013