[:pb]Depoimento de egresso: Jéssika Monteiro [:]

4 de junho de 2019

[:pb]Para muitos, o sonho do intercâmbio começa na infância. O desejo de estar em outros lugares, aprender novas línguas e conhecer novas realidades. A minha realidade, não muito diferente das demais, não me permitia enxergar muito longe: estudante de escola pública, só mais uma entre milhares. Mas por toda a minha vida alimentei um sonho: decididamente eu iria fazer um intercâmbio algum dia. Não poucas vezes estudei idiomas sozinha, pesquisei informações sobre outros países, li livros que contavam imensas histórias.

Vivi muito tempo com esse sonho dentro de mim, embora todas as circunstâncias me dissessem que nunca seria algo concreto, até que um dia, estando no 4º período da universidade, a Caravana CoRI passou no meu campus com alguns estudantes que narravam com paixão as suas experiências de intercâmbio. Minhas pernas tremiam… até o momento eu não sabia sequer que a CoRI existia, muito menos que eu poderia ser contemplada um dia por alguma bolsa dessa coordenadoria. Logo após aquele episódio, me inscrevi rapidamente numa seleção do Santander e logo em seguida veio um não. Esqueci a ideia, talvez o intercâmbio fosse mesmo impossível para mim. Mesmo assim, me dediquei com afinco ao meu curso e sempre busquei oportunidades de melhorar o meu currículo. Por isso, quando li o edital do PROMIN, já indo para o 7º período, a minha esperança renasceu. E foi aí que tudo começou.

Depois de passar por todos os processos que resultaram na aprovação, percorri um longo caminho para realmente entender que aquele sonho estava se tornando realidade. Logo, fui em busca da documentação necessária e tirando leite de pedra, consegui custear todas as despesas de transporte, visto e documentação. Em todo tempo, tinha como apoio a instituição que estava sempre pronta para tirar dúvidas e ajudar no que estava ao seu alcance. Em pouco tempo, o grande dia chegou. Eu estava mesmo entrando num avião para ir estudar na Universidade de Coimbra com toda a estadia, passagens aéreas e seguro de saúde/vida custeados pelo Estado da Paraíba. Não conseguia acreditar! Depois de tantas mulheres da minha família não terem tido a oportunidade de estudar porque no interior não tinha universidades até pouco tempo atrás, eu estava sendo contemplada com um programa de estudos que me levava para outro continente.

A euforia e a ansiedade certamente fizeram parte do momento em que deixei o meu país de origem para descobrir novos horizontes. Junto a esses sentimentos, havia também o medo do desconhecido, mas logo estava em terra firme vivenciando uma das mais profundas experiências de autoconhecimento e autonomia.

Apesar da ligação histórica do Brasil com Portugal, antes do intercâmbio eu pouco sabia a respeito da cultura deles. Já tinha lido, claro, a literatura portuguesa tanto do período colonial quanto dos dias atuais. Mas uma coisa é ler e outra coisa e vivenciar aquilo que se leu. Para mim, a experiência pessoal foi muito marcante e de muito aprendizado. Apesar de pequeno, o país abriga muitos brasileiros e as relações são muito harmoniosas. [:]